Passar para o Conteúdo Principal

Indústrias vão ser património das cidades do futuro

26 de Novembro de 2015

O COMSINES - Conselho das Comunidades de Sines organizou, no dia 19 de novembro, no Centro de Artes de Sines, o seminário "Indústria: Património e Cultura". O objetivo do seminário foi sensibilizar o público para o facto de a indústria, enquanto manifestação humana, ter uma dimensão cultural que importa preservar, particularmente em Sines, pela importância do complexo industrial e de uma história milenar em que as atividades transformadoras sempre tiveram grande peso.

Para o presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, a prioridade é não deixar que se repita o que aconteceu com a indústria conserveira de Sines, de que nada se preservou. O autarca disse que o tempo mudará a forma como olhamos a Sines dos nossos dias e revelou que, em breve, as salgadeiras do Largo João de Deus vão ser objeto de um processo de musealização, como vestígio da atividade industrial do período romano em Sines, que hoje encaramos naturalmente como parte do nosso património.

O diretor geral da Repsol Polímeros, Joaquín García-Estañ, que interveio na sessão em representação das empresas do COMSINES, salientou que a arqueologia industrial faz parte da história contemporânea de muitos países, que têm sabido preservar os testemunhos da industrialização.

Referindo-se ao complexo portuário e industrial de Sines, Ricardo Pereira, coordenador do Grupo de Património e Cultura do COMSINES, justificou a sua qualificação como património cultural, entre outros aspetos, pela existência de ideias técnicas e filosóficas fortes que estiveram subjacentes à sua criação. Como metodologia para iniciar a preservação a história do complexo, sugeriu a formação de funcionários das próprias empresas, a quem deverá caber o primeiro inventário, pelo conhecimento que têm das unidades industriais e da complexidade das suas estruturas e processos.

Ana Cristina Pais, em representação da diretora regional de cultura do Alentejo, reconheceu que o peso do património industrial da região não se tem refletido nas preocupações institucionais nesta matéria, mas mostrou-se em empenhada em contribuir para que essa situação seja alterada.

Jorge Custódio, presidente da direção da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial, um dos principais especialistas neste domínio, deixou pistas sobre o papel central que o património industrial terá na formação da identidade das cidades do futuro.

O evento contou ainda com uma comunicação sobre o projeto Aportar - Turismo Industrial Sustentável em Sines, por Mónica Brito, diretora do Sines Tecnopolo, uma apresentação sobre turismo industrial nos EUA, pela professora Leonor Medeiros, da Universidade Nova de Lisboa, e apresentações de instituições que são casos de sucesso de património industrial em Portugal: Museu do Lousal (indústria mineira) e Museu de Portimão (indústria conserveira).

Assistiram ao seminário cerca de 120 pessoas, incluindo um grupo de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.